Incontável

Começou quando optei em parar de tomar banho para amassar o sabonete...

eu era pouco dentre muitos, preso ao tempo, ao tédio, aos sentimentos que causam dor, a única coisa que me diferenciava era que precisava dessa solidão arranhando minha alma, ao menos assim podia sentir a mim mesmo . Com uma gota de água comprida e sem fim caindo sobre meu ombro, ali ficava contemplando o horizonte interrompido pelo box. Ali ficava emitindo jatos de raiva contra as impossibilidades do corpo e da mente.

 

Sai enrolado na toalha e nas perguntas de o que fazer em relação a tudo, ou do que fazer em relação ao meu pouco de nada.

 

 

Já vestido e ainda nu de ideias, eu caminhava sentido aos livros, provinham fragmentos de Vinícius de Moraes com as voltas inumeráveis que faz sua literatura. Sentado, reforçando frases semi-apagadas de uma caneta que outrora escreveu com vergonha, orava por algumas novas capacidades humanas, a capacidade de desmemória, de me auto congelar e de me derreter e de me escorrer por entre os ralos do fim de semana.

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Daniel Rumana